Sapo Bento na beira do rio
Apesar do frio
Cantou, cantou que encantou
Dona sapa Leonora
Casou e mudou-se feliz
Para uma bela lagoa

Mas não é que o sapinho
Após seu casamento
Mudou de casa
E também o comportamento
Vejam só que o sapo Bento
Só canta agora
Com acompanhamento
De orquestra
Ou de algum instrumento

Feito suas exigências
Colocou-se a ensaiar
Com seu violão antigo
Vive agora a incomodar
Esposa, vizinhos, amigos
Em todo tempo
Em todo lugar

Cantar ele canta bem
Mas tocar é outra história
Não consegue entrar no tom
No delem delem da viola
Longo tempo já passado
Nem um acorde bem feito
Mas Bento não toma jeito
Garante aprender bem direito
E uma orquestra formar

Após um dia inteiro
No delem delem rotineiro
Dona sapa Leonora
Rodou sua saia florida
- Bento, seu sapo teimoso!
Preciso dormir meu querido
Deixa a viola folgar
E meus ouvidos descansar!
Bento diante do pedido
Ficou muito ofendido
Se suas notas eram sinfonia
Por que Leonora bradaria?

Depois disto o sapo ficou triste
Abandonou sua amiga viola
Deixou os ensaios de horas
Deixou o seu entusiasmo de sempre
Deixou até de lavar o pé
E foi nessa ocasião
Que pegou seu famoso chulé
Nem seu amigo Mané
Aguentou a tristeza do amigo

Dia desses, cabisbaixo
Ele pôs-se a pensar
Andou pelos cantos da casa
Encostou-se na quina da pia
E ainda não entendia
Por que sua melodia
Não agradava a freguesia

Ainda pensativo
Sapo Bento foi passear
Perto da lagoa antiga
Onde tantas vezes sua cantiga
Tornou as noites mais lindas
De repente, ao longe percebeu
Vindo do Brejinho Oleiro
Que uma linda música se ouvia
Tocada com tamanha maestria
Como a tempos Bento não via
Ouviu também um soluço
Como alguém que muito sofria
Chegou perto e viu claramente
Um sapinho tocando viola
Com tanta beleza e harmonia
Que no peito Bento sentia

Foi mais próximo com cuidado
E com uma palavra amiga
Elogiou o triste seresteiro
- Amigo não pude evitar
Sua música é tão bela
Permita-me o prazer de escutar
Então o sapinho respondeu
- Pode se achegar companheiro
Meu nome é Ribeiro
Posso apresentar-te acordes
Mas minha grande tristeza
Dia após dia
É não conseguir entoar
Uma só melodia

Bento ao ouvir tal história
Pode melhor refletir
Em sua própria trajetória
E uma luz brilhou em sua mente
Então lhe falou mansamente
- Amigo Ribeiro, ele disse
Vamos mudar nossa história
Eu também já fiquei muito triste
Por não tocar bem minha viola
Mas se unirmos nossas forças
Vamos realçar nossos dons
Será uma boa aventura
E teremos muita alegria
Eu canto afinado,
Você toca no tom
Uma bela harmonia

Após unirem esforços
Grande foi o resultado
Hoje são muito famosos
Por todo o mundo brejeiro
Nos rios, riachos e lagos

E foi assim que surgiu
A primeira dupla sertaneja
Dos sapinhos do Brejinho Oleiro
“BENTO E RIBEIRO”
Mais que uma dupla:
Amigos verdadeiros!

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